Uma das missões da Feminaria é auxiliar as mulheres empreendedoras a estarem onde desejam. Isso inclui dar visibilidade a elas e ajudar a divulgar seus projetos e produtos. Investir no trabalho de quem está ao nosso lado é uma forma de garantirmos o crescimento umas das outras.
Em 2017, o nosso especial Compre com Elas continua com força total. Vamos juntas?
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No Compre com Elas de hoje, a nossa artesã Estela Brandi, criadora da Estelarte, nos presenteia com este depoimento cheio de lições. Conhecer quem está por trás dos produtos que amamos é incrível. Nos ajuda a ter mais empatia e a estreitar os laços.
Confira a história dela:
Iniciei o Estelarte em setembro de 2015, porque os amigos gostavam muito do que eu fazia, falavam para eu vender. Como precisava de um hobby porque o mundo corporativo (e a vida também) estavam me sufocando, resolvi fazer uma pagina no Facebook para divulgação. Até então era realmente um hobby: sem noção nenhuma de precificação, fazia um mundaréu de coisas (acessórios, encadernação, bordados, quadros para maternidade, etc.), tirava fotos bem “meia boca” e não olhava para esta empresa como ‘sustento’, mas já era algo que me deixava extremamente feliz!

Criar coisas novas, ver a carinha e o sorriso de cada pessoa que comprava ou ganhava algo e adorava o produto, ter a sensação de que fui eu que fiz todo o processo, era algo que me encantava e eu já sentia que aquilo era o que eu queria, mas eu não queria sair da situação confortável de CLT que tinha. Foi então que passei por um super combo de final de ano em 2015 (demissão + separação) e fiz uns cursos de auto conhecimento que me fizeram ver que o que eu realmente queria estava no empreendedorismo e na ativação da Estelarte como algo mais ‘sério’. Queria viver das minhas criações, viver livre para criar quando eu quisesse, fazer coisas que as pessoas gostem e sejam úteis para elas (seja na própria funcionalidade de um produto ou na sensação de presentear alguém ou se presentear com algo cheio de significado) e, por fim, dar vazão a uma mente que a todo momento está criando ou pensando em algo. A partir desta noção do que eu realmente queria, comecei, em Julho de 2016, a olhar pro Estelarte de maneira mais focada, mais empresarial e mais apaixonada.
A partir de então, defini os produtos que eu queria fazer: sempre quis misturar muitas técnicas porque gosto de fazer muita coisa. Porém, sabia que neste começo precisava focar em algo e foquei na decoração, que eu amo demais e consigo misturar algumas técnicas durante a produção. Então, limpei a loja e comecei produzir apenas almofadas em patchwork. Fui fazendo alguns cursos de empreendedorismo e mais cursos de artesanato para ampliar minha gama de técnicas e, consequentemente, de produtos. Com isso, hoje o Estelarte produz e vende produtos decorativos mais diversificados: almofadas em patchwork, almofadas bordadas, quadrinhos em bastidor, porta-correspondências e chaves, porta-colares e outras cositas para decorar qualquer ambiente!
Meu processo criativo é a união de diversas fontes de inspiração e depois um filtro delas: sempre estou vendo o Instagram (de artesãos, ilustradores, lojas de decoração e etc.); prestando atenção na rua, nas pessoas, nos lugares (para quem faz patchwork o azulejo de uma cozinha já é baita inspirador…). Dedico algumas horas da minha semana ao Pinterest (válido para pesquisas e inspirações em qualquer campo, mas acredito que para quem faz artesanato lá é o paraíso de muita inspiração seja de produtos, de combinação de cores e ate de ideias para composição das fotos de produtos). Tento fazer cursos de técnicas variadas (acredito MUITO nessa multipotencialidade da criação: você pode unir patchwork + ilustração+ encadernação, por exemplo) e também sempre tento prestar atenção no que as pessoas curtem e no que elas precisam.
Juntando tudo isso, a cabeça cria MUITA coisa legal, daí eu anoto tudo (sempre tenho um caderninho na bolsa) e um dia na semana eu sento e vejo o que, dentre essas coisas que eu juntei, eu consigo criar. Isso me dá ideias novas de produtos e de cursos que eu posso pensar em fazer para agregar às minhas criações. Nessa miscelânea inspiradora é que eu vejo quais temas são mais interessantes para produção e a partir disso quais as técnicas seriam mais legais para esses produtos e, depois disso tudo, vejo quais materiais seriam necessários.
Estejam sempre abertas em todos os lugares para receber ideias novas! Eu acredito muito que a ideia é uma energia que está louca para entrar na cabeça das pessoas, basta você estar aberta a ela que ela entra e faz coisas incríveis com sua cabeça! “
Ser empreendedora é algo engrandecedor e que te faz aprender muita coisa, te faz ser mais responsável, mais pensativa e até mais questionadora. Quando você empreende, tem uma noção maior de como funciona um processo de produção. Consequentemente, acaba sendo questionadora de processos e criadora de outros.
Esse ‘ser empreendedora’ me fez mais responsável comigo mesma (o que faz bem para mim e o que não faz); com as minhas contas (o que eu realmente preciso comprar e por que); com os prazos dados e recebidos; me fez ver como o processo de produção afeta o preço de algo (com isso, respeito muito o preço/valor que cada um dá para o seu produto) e, principalmente, me fez melhorar a relação com o outro (empreendedor sem empatia, paciência e simpatia não vai muito longe, pelo menos ao meu ver).
Mas não é uma caminhada muito fácil…… A minha maior questão e dificuldade (ainda) no ramo do próprio negócio é com a instabilidade de rendimento. Como estou no inicio, não é todo mês que entra algo e nem sempre faturo o que eu preciso. E quando você tem um aluguel, essa questão fica bem urgente e sempre preocupante. Porém, eu tenho um objetivo e uma certeza interna de que estou no caminho certo, e acredito que é isso que não me faz pirar loucamente com essa preocupação!
Outra questão que também é um pouco complicada é que muitas pessoas não valorizam o real valor do trabalho artesanal, acham maravilhoso, mas como não tem noção das horas dispensadas para fazer, do preço do material e do próprio valor do produto (seja porque é único, seja porque não polui o ambiente, seja porque não há trabalho escravo envolvido e etc.) e acabam achando tudo caro. Isso dificulta um pouco as vendas e o processo de divulgação e fortalecimento do trabalho artesanal.
Também não vejo isso como apenas culpa do consumidor. Também acho que nós, criativos/empreendedores, devemos nos valorizar mais, investir em mais conhecimento para um produto cada vez melhor, valorizar nosso trabalho, valorizar o outro criativo/empreendedor (seja comprando ou apenas divulgando o trabalho). Acredito que precisamos cada vez mais criar entre nós uma rede gigantesca de ajuda mútua para que esse problema, que vejo ser de quase todo artesão/empreendedor, seja sanado ou, ao menos, minimizado.
As duas maiores dicas ou conselhos que daria a alguém que está querendo trilhar o caminho do empreendedorismo com suas próprias criações são:
1- ESTUDE! O conhecimento abre portas! Estude muito sobre empreendedorismo! Não somos um país que aprende a ser empreendedor na escola ou na faculdade, então estude! Aproveite as palestras, workshops e tudo mais que o Sebrae, o Google, o YouTube e também a Feminaria tem sobre esse assunto! E também estude muito sobre o que você quer trabalhar! Tente fazer cursos com os melhores e se aprimore cada vez mais.
2- VALORIZE-SE! E aqui cabem as duas vertentes: Valorizar você mesma para buscar o que realmente quer, aquilo que vai te deixar feliz e bem consigo mesma (e só VOCÊ sabe o que é) e também valorizar o seu produto, o seu esforço empregado nele, fazer um preço condizente com o que você gastou! Não é porque fulano, sicrano ou as Lojas Americanas vendem mais barato que você tem de baixar o preço. O seu valor quem dá é você e não as Lojas Renner. “
Os trabalhos da Estelarte estão nas redes sociais: Facebook e Instagram.